sábado, 25 de junho de 2011

A Indústria Cultural – de Wilhelm Richard Wagner a Michael Jackson





A Indústria Cultural, termo empregado pela primeira vez pelos sociólogos alemães Theodor Adorno e Max Horkheimer (membros da Escola de Frankfurt) põe em evidência o surgimento de uma nova forma de produção humana desenvolvida e lapidada no século em que todas as paixões humanas se encontrarão num panorama de mundo massificado e orientado sob a égide de um modelo econômico moldado ao longo dos últimos séculos, o capitalismo.

O século XX traz para o mundo o primeiro bilhão de habitantes e junto desta imensa população global um sem número de acontecimentos, pensamentos, tendências, atitudes, comportamentos, virtudes e etc. É neste século também que o Capitalismo encontra a propaganda e a emoção dos espetáculos (La société du spectacle).

A indústria cultural desenvolve uma realidade de um imenso consenso informal, o “mainstream”, em especial da cultura ocidental, numa grande síntese cultural preparada para aderir com eficiência no cotidiano das massas e deste universo garantir a manutenção última do sistema liberal.

Para que fosse necessário o estabelecimento com sucesso e solidez desta indústria, pudemos identificar ao longo do século XX um código de estímulos emocionais que capturam as emoções das massas e as embriagam a tal ponto que passam a ser manipuláveis, de acordo com o objetivo de seus condutores. Os primeiros grandes exemplos de manipulação emocional das massas, contudo, não demonstrava interesses claramente econômicos, mas políticos.

O Nazismo inaugura o marketing e a propaganda

Hitler e a estética e retórica nazistas levam pela primeira vez, numa cultura ocidental, a prática os efeitos emocionais do Romantismo nacionalista, moldando uma ética de orgulho e pertencimento nacional sem igual na Alemanha Nazista. Para que isso fosse possível, a grande inspiração não poderia ter sido outra além das contribuições artísticas e teóricas de Wilhelm Richard Wagner. É célebre a frase de Hitler sobre a sua própria doutrina política: “Não se compreende por completo o Nacional Socialismo se não se compreende Richard Wagner”.

Quem foi Richard Wagner?


Wilhelm Richard Wagner foi um maestro, compositor, diretor de teatro e ensaísta alemão do século XIX. É considerado um revolucionário das artes, sendo atribuído a Wagner uma série de pioneirismos da linguagem musical e artística, introduziu a noção de “Leitmotiv” (motivo condutor) na Ópera, o cromatismo extremo e a rápida mudança dos centros tonais, desenvolvendo assim novos parâmetros na música erudita européia. Pelo arrojo de suas produções artísticas, que também integravam elementos do Romantismo alemão, suas idéias são consideradas fundamentais no desenvolvimento da própria linguagem nazista no século XX. Os estímulos emocionais na música Wagneriana seriam as maiores inspirações pro desenvolvimento de uma narrativa de “orgulho nacional” na cultura alemã, o que significou o braço artístico do Nacional Socialismo.

A “Cavalgada das Valquírias” é considerado um dos ícones da Ópera wagneriana



Exemplos de como a estética musical de Wagner são empregados na Indústria Cultural é o clássico tema de abertura da saga “Guerra nas Estrelas” de George Lucas. Tal orquestra é um dos maiores exemplos de que Wagner continua a contribuir para a construção de uma expressão musical capaz de cativar e captar as paixões humanas.



A Indústria fonográfica encontra Wagner

A Indústria Cultural se serve de Wagner o tempo todo para tecer um universo integrado das emoções. Com a Indústria fonográfica, não poderia ser diferente. No século XX, a noção wagneriana de Gesamtkunstwerk (Obra de arte total) encontra total e completa ressonância em uma gama de cantores, compositores, bandas e etc. Sua estética é lapidada a cada geração, indo, por exemplo, de Frank Sinatra à Chuck Berry, Elvis Presley, Beatles, Rolling Stones e mais recentemente a Michael Jackson (dentre muitos outros exemplos).



Referências: Oficina "História e Audio-visual: Indústria Cultural, Cultura Midiática e Sociedade do Espetáculo (séculos XX-XXI)" do historiador Wagner Pinheiro Pereira